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ENTRE JPEG'S E AFETOS


Quando eu era criança, era comum nos momentos livres em família, buscarmos os álbuns de fotografias para olhar as aquelas que meus pais guardavam da gente. Eram sempre as mesmas, já que tirar fotos não era tão trivial como é hoje em dia.

Meu irmão e eu olhávamos nossas fotos quando bebês, as do casamento dos pais, aquelas da festa junina do colégio, as do CTG que tinha na esquina de casa, aniversários dos primos e outras mais. Mesmo que já tivéssemos olhado várias vezes as mesmas fotos, a gente sempre achava muito engraçado.

Essa semana resolvi organizar os arquivos do meu computador e achei inúmeras pastas de fotos, pastas e mais pastas! Pois é, encontrei as que eu queria ver e também aquelas de cinco ou dez anos que já nem lembrava que tinha batido. Olhei uma por uma, fiquei horas olhando todas as pastas e organizando tudo, mas dessa vez eu não achei apenas graça, não aquela que eu achava quando criança, mas a GRAÇA DA VIDA!

Sim, senti algo razoavelmente novo, a graça de poder olhar para o passado e lembrar dos sentimentos que tive ao bater algumas fotos e ser modelo em outras. Senti de novo as emoções daqueles momentos registrados e a graça da vida que falei era justamente a emoção de perceber quem eu era e no que me transformei.

É incrível esse sentimento, sério! Foi como acessar a linha do tempo dos meus pensamentos e sonhos fazendo um link com o que penso e sonho nos dias de hoje. Pude ver com clareza aqueles pensamentos rasos e no que eles se transformaram, quais ideologias eu acreditava e que hoje já não acredito tanto, pessoas que eu confiava, amava e defendia, mas que hoje já nem sei onde moram. Confesso que um pouco de tristeza passou pelo coração nesse momento, gostaria de ainda ter presente tantas pessoas que já não estão mais comigo. Gostaria até de ainda acreditar em algumas daquelas coisas que já não acredito mais.

Não senti aquela nostalgia clichê que muita gente relata quando olha pro passado, mas seria bom sentir de novo um pouco daquilo que estava presente nesses registros fotográficos.

Na infância eu olhava as fotos e ria das roupas, dos cabelos, das caixas velhas em cima dos armários e de tudo que era diferente da época que eu estava vivendo. Hoje, obviamente, olho minha magreza na adolescência, os cortes de cabelo que eu já tive – Jesus! – e tantos outros detalhes físicos com o uma sensação boa. Aquilo que era engraçado foi trocado por carinho, por satisfação de ter vivido aquilo ali e até uma pontinha de orgulho pelas conquistas.

Hoje em dia já não guardamos as fotos como fazíamos no tempo do papel, deixamos tudo na memória do celular sempre a mão pra colocar no Instagram e usamos os filtros pra esconder as imperfeições, nada demais, mas, não seria interessante de vez em quando imprimir algumas?

Confesso que subestimei o poder de comoção das fotos, não dei importância quando iniciei a organização delas e comecei fazendo tudo de forma mecânica. Me enganei. Durante o processo esqueci que o intuito era organizar arquivos, viajei em mim mesma ao olhar tantas lembranças e reencontrei sentimentos que há muito já estavam guardados. Foi um momento novo dentro de antigas sensações e afetos.

E tu aí, já deste uma vasculhada nas tuas fotos ultimamente?

Vai lá! Dá uma olhada naquelas que estão perdidas naquelas pastas aleatórias de conteúdo acumulado. Talvez tu sintas a mesma graça da vida que eu senti, ou talvez não sinta nada demais. Pode acontecer.

Abraço!


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